quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Resumo dos Capítulos 6 e 8 do livro Introdução à Estética, de Ariano Suassuna

Teoria Kantiana da Beleza

(Kant  lançou uma luz sobre o papel da imaginação na arte)

O Juízo de Conhecimento (características objetivas baseadas nas características do objeto) e o Juízo de Gosto (ultra subjetivo)

Kant, em vez de tentar solução dos problemas estéticos- entre os quais se destacam o da Beleza e o da Arte- tratou de demonstrar que eles eram insolúveis. A impossibilidade de resolver os problemas estéticos adviria, em primeiro lugar, da diferença radical existente entre os juízos estéticos (ou juízos de gosto), e os juízos de conhecimento.
Os juízos de conhecimento emitem conceitos que possuem validez geral, por se basearem em propriedades do objeto. Quando eu digo ‘’ esta rosa é branca’’, estou emitindo um juízo de conhecimento: o resultado dele é um conceito indiscutível, porque baseado em propriedades objetivas da rosa.
Já os juízos estéticos não emitem conceitos: decorrem de uma simples reação pessoal do contemplador diante do objeto, e não de propriedade deste. “Esta rosa é bela” exprime somente o fato de que tal rosa me agrada: eu não posso exigir concordância geral.

O juízo estético e o Juízo sobre o agradável

Quando digo “este alimento é bom” estou dizendo simplesmente que sinto uma sensação agradável baseado  numa pura sensação subjetiva minha.

“O agradável é aquilo que agrada aos sentidos, na sensação”

-          Agradável/ Gracioso: ligada ao sensorial, experiência sensorial que não diz muito, não precisa ser interpretada, sensação de saciedade.
-          Estético: experiência incrível, necessidade de mostrar ao outro e que ele concorde com sua opinião.

Primeiro Paradoxo Kantiano sobre a Beleza        *(Por que todo mundo acha a rosa bela?)

# Juízo de conhecimento: Esta rosa é branca (conceito, validez geral)

# Juízo sobre o agradável: Este alimento me agrada (sensação, reação puramente pessoal do sujeito, ausência de validez geral)

# Juízo estético: Esta rosa é bela. (sensação agradável do sujeito, ausência de conceito, mas exigência de validez geral – quer que todos achem a rosa bela, como ele).

O juízo estético distingue-se do juízo sobre o agradável porque, quando um sujeito diz “ Esta rosa é bela”, não se contenta que isso tenha validade somente para ele.
Para Kant, a Beleza, ou melhor, a satisfação determinada pelo juízo de gosto é aquilo que agrada universalmente sem conceito.

Segundo Paradoxo Kantiano sobre a Beleza  (necessidade de mostrar ao outro a beleza da rosa e que o outro concorde)

A primeira característica da Beleza: quando o sujeito emite um juízo estético, não esta exprimindo um conceito decorrente das propriedades do objeto, mas apenas uma sensação de prazer (ou desprazer) que ele experimentou diante do objeto. No entanto, o sujeito exige sempre para esse juízo estético, sem conceito, o assentimento mais geral possível, a validez universal.
Pergunta Kant: qual a razão disto? Por que o juízo estético, eminentemente subjetivo, exige paradoxalmente, o consenso universal?
O motivo disso é que a Beleza, a satisfação determinada pelo juízo de gosto, é resultante de faculdades necessariamente comuns a todo homem, a sensibilidade, ou imaginação, aliada talvez ao entendimento.

“O sentimento estético apóia-se, portanto, no livre acordo dos elementos que possuem validez geral e são necessários para a apreensão de todo objeto. Isto é o que autoriza o sentimento estético a pretender, também, a validez geral.”

A segunda característica da Beleza : satisfação determinada pelo juízo de gosto.  “É uma necessidade subjetiva que nos aparece como objetiva”
È natural que o sujeito, ao experimentar uma sensação de prazer diante de um quadro, por exemplo, exija, para seu juízo, o assentimento de todos, a aprovação geral.

Terceiro Paradoxo Kantiano sobre a Beleza  (a diferença entre o resultado de experiências com expectativa e sem expectativa)

Quando uma pessoa se alimenta, tem um interesse físico a satisfazer, de modo que o prazer causado por esta sensação é um prazer interessado. Mas quando experimentamos uma sensação de alegria diante de uma rosa, o prazer é de natureza diferente, é uma alegria gratuita e desinteressada.
Kant estuda o ato de consciência que julga a Beleza: O julgamento de gosto é puramente contemplativo, indiferente à existência de um objeto, une somente sua natureza ao sentimento de prazer e desprazer. Mas esta contemplação mesma não é regida de acordo com conceitos. O agradável, a beleza e o bem são satisfações, mas somente aquela dada pelo gosto da Beleza é uma sensação desinteressada e livre.

Quarto Paradoxo Kantiano sobre a Beleza  (a diferença entre fim e finalidade)

“Todo fim, considerado como principio de satisfação, comporta sempre um interesse como motivo de julgamento, trazido sobre o objeto do prazer”

O contrário ocorre com a finalidade. Finalidade é, para Kant, “ alguma coisa que o sujeito descobre no objeto e que tem o dom de excitar harmoniosamente suas faculdades”. Temos então o fim ligado ao objeto e sua destinação útil; e finalidade, ligada ao sujeito e à sensação de prazer harmonioso que ele experimenta.
O fim é ligado a propriedade do objeto, e o juízo estético puramente subjetivo. Nenhum prazer ligado ao fim pode ser estético, porque todo ele é interessado.
A diferença essencial que existe entre o fim e a finalidade é, então, que o primeiro se liga a propriedades e à destinação útil do objeto, e a segunda liga-se mais à forma e ao sentimento de prazer ou desprazer que desencadeia no sujeito, O prazer causado pela finalidade é decorrente da “simples apreensão da forma do objeto pelo sujeito”; é um julgamento estético sobre a finalidade do objeto, ao contrário do julgamento sobre o fim, que não é estético, mas interessado.

# Fim: funcionalidade, útil para alguma coisa, fica no meio do agradável, objetivo. Não pode ser estético, porque é sempre interessado.

# Finalidade: surge no ato da experiência estética. Não se parte dela, não se espera nada. Sentir o objeto, depois conceituar. Desinteresse.

Beleza Livre e Beleza Aderente

Pode-se dizer que a distinção entre Beleza livre e Beleza Aderente se deriva da anteriormente explanada entre finalidade e fim. São três graus de utilidade decrescente e gratuidade crescente: o dos objetos puramente ligados ao fim e a sua destinação útil (como um trem); dentro do campo da finalidade, objetos que representam coisas (Arte Figurativa) e dos que representam simples formas (Arte Abstrata). Kant acha que, quando olhamos um trem, não podemos nunca olha-lo desinteressadamente, porque temos sempre em vista o fim útil ao qual ele se destina. Quando olhamos um quadro, é outra coisa: temos em vista simplesmente o prazer do contemplador. Mesmo aí, quando se representa um cavalo, por exemplo, a contemplação da Beleza é turvada pelo conceito que fazemos de um cavalo, enquanto que se o quadro representa somente formas geométricas, a contemplação é mais desinteressada e livre, portanto mais pura. È por isso que ele chama a Beleza ligada às artes figurativas de “ aderente”, porque ela adere ao conceito que fazemos de coisas representadas; e chama de “livre” a que se liga as artes abstratas, que representam formas puras.
A Beleza livre não supõe, portanto, nenhum conceito do que seja o objeto; a Beleza aderente não só supõe tal conceito, mas supõe ainda a perfeição do objeto em relação a esse conceito.


Teoria Hegeliana da Beleza


A Beleza como Manifestação da Idéia

“A Beleza se define como a manifestação sensível da idéia”

De acordo com Hegel, “a unidade da idéia e da aparência individual é a essência da Beleza e de sua produção na Arte”. A Idéia, em Hegel é o mesmo que o Infinito ou Absoluto, em Schelling, veremos que tanto faz definir a Beleza como “o Infinito representado através do finito” ou como “ a Idéia representada através do sensível.”.
Hegel aceita também o fundamento platônico da explicação da Beleza:
“A Beleza é um certo modo de exteriorização e representação da Verdade. Deve-se considerar não os objetos particulares qualificados belos, mas a Beleza”.

Beleza e Verdade

Entretanto, Hegel afasta-se de Platão e de Schelling para distinguir claramente a Beleza da Verdade:

“Existe uma diferença entre a Verdade e a Beleza. A Verdade é a Idéia enquanto considerada em si mesma, em seu princípio geral e pensada como tal. A Beleza se define como a manifestação sensível da Idéia.”

Hegel critica violentamente a visão Kantiana da Beleza como algo de natureza não conceitual. Pensa, pelo contrário: só a Verdade é conceituável, pois só ela se fundamenta no conceito absoluto, ou, mais exatamente, na Idéia. Sendo a Beleza um certo modo de exteriorização e representação da Verdade, por todas as suas faces ela se oferece ao pensamento conceitual, quando este possua, verdadeiramente, o poder de formar conceitos.

A Idéia e o Ideal

A Idéia, como tal, é a própria Verdade, mas a Verdade em sua generalidade ainda não objetivada. A Idéia como Beleza artística tem como destinação ser uma realidade individual. A Idéia, enquanto realidade moldada a seu conceito, é o Ideal.
A Idéia, ou Espírito Absoluto, “ comunica à Natureza toda a plenitude de seu ser”, enquanto considerada em si mesma, é a Verdade.

Liberdade e Necessidade

Liberdade é aquilo que a subjetividade contém e pode captar em si mesma de mais elevado. A liberdade é a modalidade suprema do Espírito. De um lado, a liberdade é o domínio de tudo o que é universal e autônomo- as leis universais, o Direito, o Bem, a Verdade, etc. Mas, por outro lado, é preciso admitir as inclinações do homem e seus sentimentos, as suas paixões, a tudo o que o coração do homem contém de individual.

O estado natural do homem é a contradição e o dilaceramento, não só perante a natureza, mas, dentro de si mesmo, entre a parte mais alta e mais nobre de seus espírito e suas paixões.
A Verdade suprema, a Verdade enquanto tal, constitui a solução da oposição e da contradição supremas. Aí, a oposição da liberdade e da necessidade, do Espírito e da Natureza, do saber e do objeto, da lei e dos impulsos perdem seus valores e seu poder de oposição e contradição.

As três Etapas para o Absoluto

A Arte, a Religião e a Filosofia são as etapas fundamentais neste caminho do homem à procura do Absoluto. À Arte, cabe a espiritualização do sensível. À religião, compete a captação interior daquilo que a Arte faz contemplar como objeto exterior. È como se a primeira representasse a tese, da qual a segunda seria a antítese, cabendo à Filosofia o papel de síntese entre as duas. “A arte e a Religião são unidas na Filosofia”.
Para Hegel, tudo que é real é cognoscível. O  mundo dilacerado entre dois extremos> de um lado, as coisas, de outro, a idéia absoluta. O homem é uma espécie  de campo de batalha entre a Natureza e Deus.
A Arte é o escalão inicial, através do qual, nesse processo de espiritualização do mundo, o homem procura humanizar as coisas, inserindo a Idéia no sensível. Ao espírito religioso, cabe criar as condições necessárias de interioridade, para que o homem possa acolher dentro de si a Idéia, captada no sensível, onde a Arte introduziu. Daí resulta, dentro do espírito humano, uma oposição entre o que existe de mais nobre e puro no homem, e o sensível, mesmo espiritualizado, que lhe foi oferecido pela Arte. Cabe à Filosofia destruir essa oposição.


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